quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Oração contra o bruxedo

(domínio público)
Pela cruz de São Saimão
Que te benzo com a vela benta
na sexta-feira da paixão
Treze raios tem o sol,
treze raios tem a lua
Salta demônio para o inferno,
pois esta alma não é tua.
Tosca Marosca, rabo de rosca
Aguilhão nos teus pés
e relho na tua bunda.
Por baixo do telhado,
São Pedro, São Paulo e São Fontista
Por cima do telhado, São João Batista
Bruxa tatarabruxa,
tu não me entres nesta casa,
nem nesta comarca toda.
Por todos os santos, dos santos,
Amém!
.
Credo em cruz, santo nome de Jesus!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

1, 2, let's play zoo!

Em muitos lugares do país, os calouros são chamados de bixos (com x, pra manter a tradição de escrever errado). Em Santa Catarina, calouro é calouro mesmo. Mas na minha época de calourice bem que tentamos, em várias ocasiões, encontrar o nosso lado selvagem. Tudo culpa da Morena Tropicana que, tendo passado uma temporada entre as branquelas temperadas dos "isteites", ensinou-nos um modismo. Mais uma contribuição do imperialismo ianque para destruir os nossos valores culturais.
Em tenra infância, brincava-se de "ovo choco", aquela brincadeira em que todos sentam em roda no chão e uma criança fica dando voltas com uma pedra ou outro objeto pequeno na mão (fazendo as vezes de ovo), entoando um mantra:
Criança: Ovo choco!
Todos: Corococó!
Criança: A galinha quer por.
Todos: Não deve dizer.
Criança: Ela põe amanhã?
Todos: Não sei, vou ver.
Na hora do "não sei, vou ver", todos olhavam pra trás pra ver se a criança tinha colocado a pedra (o ovo) atrás dela. Senão, ela ia repetindo a cantiga. Quando alguém era presenteado com o ovo, saía correndo atrás dela, e não lembro mais o que acontecia. Era uma cantiga de roda, só que sem rodar. Uma das coisas mais básicas da vida (mas uma consulta ao Google só traz uma versão que desconheço completamente), mas que compreende um dos casos mais antigos de "músicas que eu não entendo a letra" da minha vida.
É óbvio que a galinha queria pôr os ovos, não há outra interpretação possível, e todo mundo entendia isso. Mas eu - e, como descobri anos mais tarde, minha amiga Pecaaado também - entendia "a galinha quepô". Algo assim como um tipo de galinha: galinha d'angola, galinha caipira, galinha "quepô"! Mas eu entendia que a galinha queria pôr os ovos, não era tão retardado assim.
Mas os tempos da faculdade eram outros, estávamos em 1998 - que forma um único bloco com 1999, conhecido pelos historiadores do direito como "o ano que não acabava nunca" -, éramos felizes, sabíamos e por isso mesmo não nos importávamos de brincar em público e a céu aberto de algo novo para nós, o incomparável e descoordenado "Let's play zoo".
Não há como descrever o jogo e, de qualquer forma, era só para iniciados. A Pequenininha, já naquela época muito sensata, não participava. Os demais eram fiéis ao ritual. A maioria não tinha coordenação motora, a outros faltava coordenação mental. Eu era sempre o urso e na seqüência chamava a girafa, porque eu nunca pensava rápido o suficiente em outro bicho. Porco, coelho, bode (a diferença dos chifres do bode para as orelhas do coelho era de uma sutileza percebida por poucos), guaxinim, peixe (o mais difícil), unicórnio! Mas ninguém nunca fez a galinha "quepô". Lamentável esquecimento.
De novo: One, two, let's play zoo!
.
A gente é bicho, baby!

domingo, 19 de outubro de 2008

Jornal do Calouro

Houve um tempo em que o vestibular era a lei. As cabeças, porém, eram ocas e vazias, e o corpo dos vestibulandos dormia sobre as apostilas (babando!).
E eles disseram, cada um: "Passei."
Em seguida, olharam para suas cabeças raspadas, e tudo quanto haviam estudado e se estressado, e viram que passaram para o segundo semestre. Então descansaram.
Depois veio a greve, e os professores viram que a greve era boa, e os futuros acadêmicos viram que a greve era boa, e o descanso continuou.
Então, o obra prosseguiu, e das alturas desceu o primeiro Jornal do Calouro. E Xi!Marquinho, voltando-se para a Pequenininha, feita à sua meia imagem e meia semelhañça, disse: "Espero que não seja edição diária!"
E, felizmente, não houve edição diária. Houve tarde e manhã: o primeiro dia.
Fonte: A Agenda
.
Erguei as mãos e dai glória a Deus!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Efeito carocha

Elise McKenna apareceu-me em sonho. Depois apareceu na quarta temporada de Smallville, como mãe do cara que faz Supernatural. Ela me chama. "Volte pra mim", ela diz. Preciso voltar no tempo, mas como? Deve ser fácil conseguir um pouco de plutônio no mercado negro mas onde vou encontrar um DeLorean?
Efeito borboleta é complicado demais até pra mim. Aprendi com o Desmond que a gente precisa de uma âncora no presente. Mas a que me apegar? Penny? Demi Moore? Oh my love, my darling, Elise McKenna, preciso encontrar uma solução. Enquanto reflito, olho pra lâmpada rodeada de cupins, e me lembro das carochas no verão, pilhas e pilhas de carochas mortas no calçamento, à luz fraca dos postes, na frente da Pescasa. "As mariposa, quando chega o frio, fica dando vorta em vorta da lâmpida pra se esquentá." Efeito mariposa, aliás, efeito carocha. Esse insight revela a minha âncora: os anos 80, tenho que me apegar a eles.
Vou pra Terra Querida. Espalho meus cadernos do Bradesco, meus gibis do Chico Bento, meus brinquedos da Estrela, as notas rosas de $ 100.000 do Jogo da Vida. À cabeceira da cama, um copo de vidro da Coca-Cola escrito em árabe, relíquia sagrada preservada por décadas. Reproduzo o melhor possível o ambiente da infância, com os parcos recursos de que disponho hoje. Não uso pijamas há muitos anos e, de qualquer forma, não me serviriam. Portanto, deito coberto apenas com aquele cobertor rasgado e carcomido que, desde tempos imemoriais, chamamos lá em casa de "velho cagado". Fecho os olhos. Christopher Reeve me disse exatamente o que fazer.
Penso no Silvio Santos. Penso na Xuxa. Penso na caravana do Clube do Bolinha. Repito incontáveis vezes:
Meu nome é Marcantonio, hoje é sexta-feira, 27 de junho de 1986. São 8 da manhã e vai começar o último programa do Balão Mágico. Meu nome é Marcantonio, hoje é sexta-feira, 27 de junho de 1986. São 8 da manhã e vai começar o último programa do Balão Mágico...
Vacilo. Será que funcionará? Este é meu erro, que me trará contratempos no caminho. Recomeço.
Meu nome é Marcantonio, hoje é sexta-feira, 27 de junho de 1986. São 8 da manhã e vai começar o último programa do Balão Mágico. Meu nome é Marcantonio, hoje é sexta-feira, 27 de junho de 1986. São 8 da manhã e vai começar o último programa do Balão Mágico...
Tenho a sensação de ouvir a Cissa Guimarães...
... sexta-feira, 27 de junho de 1986. São 8 da manhã...
.
Direto do túnel do tempo

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Interrompemos a nossa programação



Bote fé no Velhinho!



Lá lá lá lá lá Brizola!



Lula lá!



Collorir de novo



Juntos chegaremos lá!

É o 26! É o 26!



Meu nome é Enéas!