segunda-feira, 27 de agosto de 2018

E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais

Noticiamos com pesar o falecimento, no último sábado, da amiga Maya. Com 21 anos, Maya era a Dercy dos gatos (embora sem o espírito galhofeiro). Transcrevo as palavras de sua humana:

"Maya nos deixou hoje. Já não comia bem nos últimos dias e no sábado deitou e não levantou mais. Morreu sem escândalo e com dignidade. É o fim de uma era, nem sei o que pode acontecer a partir de amanhã."

Vejam o que disseram seus amigos e admiradores:

"1997 foi o ano da Maya. Uma gatinha tão presente quanto discreta, se despediu no ano em que completamos 20 anos de amizade, mas não na mesma data para não ofuscar. Vá em paz como viveu em paz, fofa felina." (Aquela da Perninha, humana da outrora highlander, hoje falecida, cadela Aixa)

"Que morte abençoada. Descanse em paz." (Desligada, humana de uma longa linhagem de cães Akitas)

"Conheci Maya há 20 anos, quando todos éramos jovens, gatos e humanos. Ela acompanhou todas as fases de nossas vidas. Como Dercy, merecia ser enterrada em uma pirâmide, mas dada a sua natureza discreta, entendo que não o será. Hoje termina o século XX." (GATO NO TELHADO)

"Virou gata 'anja'. De asa peluda, mamãe." (Filha da Pequenininha)

Miaou

terça-feira, 26 de junho de 2012

PirlimPLIM-PLIM

“A consciência de que televisão é também um serviço público nos faz tomar atitudes como a de investir mais de 2 milhões de dólares, sem retorno, em programas como “Vila Sésamo”, “Concertos para a Juventude” e no cuidado especial com a programação infantil de entretenimento, mesmo reconhecendo que é atribuição da televisão educativa, muito mais que da TV comercial.” (Narrador da TV Globo)

Hoje a televisão brasileira perdeu um de seus mais importantes ícones. Aos 47 anos, morreu a programação infantil da TV Globo. A causa da morte foi amplamente divulgada: a estreia do programa “Encontro com Fátima Bernardes”. Mas já vinha se mantendo viva com dificuldades há algum tempo. Nascida em 1965, contando, entre outros, com o palhaço Zás Trás, passando pela "Vila Sésamo", o "Sítio do Picapau Amarelo" e o "Balão Mágico", alcançou seu auge na segunda metade dos anos 1980: em 30/06/1986, a TV Globo estreava o "Xou da Xuxa". E havia os desenhos, ah! os desenhos. Outras fórmulas se sucederam, a simpática "TV Colosso" e a novelinha da Angélica, até o minimalismo da "TV Globinho": meras chamadas de atores nível Malhação entre os desenhos. Ah! os desenhos, as intermináveis reprises de "Caverna do Dragão" e o "Bob Esponja", com cada vez menos espaço nas manhãs.

Em 25/06/2012, a TV Globo estreia “Encontro com Fátima Bernardes”. Em um processo que ensaiava há alguns anos, a emissora desliga os aparelhos que mantinham viva sua programação infantil (apesar da internet, do crescimento precoce das crianças, de tantas outras distrações conquistadas nos dias de hoje, entre as quais a brincadeira favorita e incansável é mandar nos pais). Pode ser que a televisão nunca tenha educado, mas pelo menos ela doutrinava, deixando as crianças mais quietinhas enquanto estavam entretidas.

Não vou falar da geração que vai crescer sem esse tipo de memória, porque os tempos são outros, as fontes de entretenimento são várias e, para uma pequena parcela da população, existe a TV por assinatura. Sem drama. Mas acho muito triste uma infância sem, pelo menos, os desenhos.

Descanse em paz, programação infantil da TV Globo. Vida longa ao "Bom Dia & Cia"! (Felizmente, o SBT parou no tempo.)

Não tenho vergonha de dizer que estou triste.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Do mundo não se leva nada

O Clodovil la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá

Dirce Migliaccio lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
Mara Manzan la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
Herbert Richers lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
A Leila Lopes lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá

O Alborghetti lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la lá
la la la la la la la la la lá

E o Lombardi lá
la la la la la lá
E o Lombardi agora vai falar
la la la la la lá (vai falar)
la la la la la lá (vai falar)
E o Lombardi agora vai falar

Lombardi: Mudanças para o Além é com a Granero. Venha você também curtir o novo
Show de Calouros. Até o patrão está se preparando...

Só acredito... vendo!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Arquitetando folias

(Waldeir Melodia, Dadinho, Evaldo, Tamiro e Peralta)
Brasil! Terra de encantos mil
Em que a miscigenação
Variando os conceitos incentiva a criação
Vindos de além-mar, não poderiam imaginar
Quanta beleza, a natureza
Pros nativos era um lar
Nas obras de pedra-sabão
Barroco, fé e devoção
Nas senzalas, eu vi brotar
A nova raça brasileira
Com a moda de Paris
A burguesia faz seu carnaval
Resiste, reluz o samba
E o artista, arquiteta o visual
Chega de ver tanto sonho desabar
A humanidade deve mudar!
Favela! Oh! Favela!
O teu passado, me faz lembrar
Dos tempos em que a noite estrelada
Salpicava a morada
Obrigado meu Senhor, por ter iluminado
A mente desse homem, pelo mundo consagrado
Que fez cidade sem igual,
Museu como nave espacial
Arquitetando folias
Na apoteose, sou o astro principal
De vermelho e branco, amor, vou sambar
Seja onde for, terra, céu e mar
De braços abertos, que emoção
A Viradouro mora no meu coração

O dia em que Niemeyer não morreu na Sapucaí

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Profissionais do ano - ano II

Durante meses a fio, correram a boca grande em certo órgão público as peripécias de um certo fulaninho que, buscando seus interesses, fez tudo o que podia para passar a perna em quantos tinham mais direito do que ele de trabalhar (e morar) na Ilha das Maravilhas. Mas o grande defeito das pessoas que se acham muito espertas é ganhar uma confiança desmedida e perder os limites. Tanto fez que acabou sem saída: ou voltava para o lugar onde sempre deveria ter estado (saída mais óbvia para uma pessoa que precisa trabalhar) ou pedia pra sair. E depois de falar o que não devia, ouviu o que devia.
Os dizeres que seguem extravasam tudo o que outros – prejudicados ou meros observadores – gostariam de ter dito. E faz crer que, em meio a tantas bajulações e salamaleques jurídicos, ainda há quem não se furte de recorrer à boa e velha língua mátria.
O texto é relativamente público e nomes não foram mencionados, mas para evitar eventuais transtornos, omitirei a maioria dos lugares e o nome da instituição, que substituo por Órgão, o que não comprometerá em nada a degustação dessa pérola:
Após muito choro e lágrima, intervenção materna inclusive e, com sacrifício exclusivo de meu gabinete, movido por sentimento de caridade que hoje vejo ter sido mera otarice, cedi, por empréstimo, pelo período de um ano, o lastimoso partinte a Florianópolis, sob condição, negociada com o colega de Floripa, que fosse para o cargo comissionado de secretário do gabinete (...) Na época, corria-se o risco da autoexoneração, uma vez que o indigitado cursava o último ano da UFSC e correria enormes riscos indo e voltando pela BR-101 praticamente diariamente, segundo choros e velas derramados em meu gabinete. Não obstante, dois excelentes servidores de [sic] também cursavam o último ano da UFSC ao tomarem posse no mesmíssimo concurso e, silenciosamente, homens de fibra, adultos e de invejável caráter, suportaram o ônus e os riscos da BR-101 e se formaram honrosamente, sem prejuízo do valoroso serviço que aqui sempre prestaram. Hoje, honram-nos em [sic], ambos em gabinete, produzindo excelente trabalho jurídico. Passado o ano negociado, requisitado, verbalmente, de volta a [sic], o dito cujo, que aqui se encontrava mercê de MS [mandado de segurança], traindo vergonhosamente o contrato verbal, negou-se ao retorno, aduzindo seu DIREITO ADQUIRIDO a permanecer em Floripa. Requisitado no papel, esperto que só ele, desistiu do MS, crendo assim atropelar seu benfeitor. Estratégia pífia, pelo menos pra quem pretende fazer tão bonito lá na OAB, pois, com isso, sua lotação original, [sic], cobrou-lhe a presença. [sic] peticionou a Floripa, que declinou a Brasília que, por óbvio, negou-lhe a PRETENSÃO de atropelar antiguidade no concurso, no que mandou muito bem. Irresignado, o fulano impetrou MS em Brasília. Perdeu, como não poderia deixar de ser, a demonstrar que a OAB não vai ganhar lá grandes coisas e nem o Órgão está a perder qualquer coisa que valha. Não querendo, não precisando, segundo alardeia na rede dos servidores, daquilo que acoima de acomodação, referindo-se com descaso ao cargo no Órgão, em franca e grande deselegância com os colegas que ficam e que precisam do "empreguinho" agora desdenhado, exonera-se, não sem antes lançar farpas de sua mimadíssima irresignação. Portas da rua, serventia da casa. Já vai tarde. Abre-se a vaga a quem a faça por merecer e a quem a honre, como fazem os colegas servidores que ficam e que, tenho dito alhures, sempre engrandeceram o Órgão com sua incontestável dedicação, mesmo diante das mais variadas adversidades, como ter que exercer o cargo em [sic] distante da cidade natal, circunstância que, no Órgão, todos, sem distinção, incluídos os membros, sempre enfrentaram. Quer ser melhor que os outros, quer LEVAR VANTAGEM, que o faça fora do Órgão. Disse e repito, já vai tarde.
.
Pede pra sair!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

E o Lombardi lá la la la la la lá...

E se após tantos e tantos anos o Silvio descobrisse que o Lombardi não estava em dia com as mensalidades do carnê do Baú da Felicidade? Embora algumas imagens suas tenham finalmente sido divulgadas (para os desmemoriados que não o viram desfilando na Tradição em 2001, quando aquela escola de samba carioca homenageou o patrão), prefiro não as registrar aqui. Apego-me ao mistério da voz desprovida de um corpo físico, manifestação etérea da consciência do Homem do Baú, entidade incorpórea onipresente nas instalações do Anhanguera e onde mais tenha funcionado a TVS. Sempre me questionei sobre a possível imortalidade de Silvio Santos, mas jamais me passou pela cabeça que o Lombardi, praticamente um espírito de luz saído em priscas eras das Portas da Esperança para distribuir prêmios e fazer merchandisings, pudesse algum dia à luz retornar. Aproprio-me de uma frase usada em outro blog: morreu com ele um pedaço da minha infância. No mais, a cantora galesa Mary Hopkin e o coro das colegas de trabalho dirão melhor do que eu, na música dos anos 60 e sua versão dos 80 que se tornou um clássico do Programa Silvio Santos. É com você, Lombardi!



quarta-feira, 30 de setembro de 2009

What's good enough for you

- Conte tudo!!! Tudo!!!
- Tá bom! Eu falo! Na terceira série, eu colei na prova de história. Na quarta-série, eu roubei a peruca do meu tio e colei na cara pra fazer o papel de Moisés na peça da escola. Na quinta série, empurrei minha irmã da escada e culpei o cachorro... Quando minha mãe me mandou para o acampamento para gordinhos, na hora do almoço eu cuspi tudo e fui mandado embora... mas a pior coisa que já fiz foi quando misturei vomito falso em casa, levei escondido ao cinema, subi nos camarotes e aí fiz um barulho tipo - blearrrrrgh, bleaaaaaargh - e joguei lá embaixo sobre as pessoas na platéia. Foi horrível, todas as pessoas enjoaram e começaram a vomitar umas em cima das outras... Eu nunca me senti tão mal em toda a minha vida!!!
- Estou começando a gostar desse garoto.

Viva o gordo!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Rosário de piscadas

- A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama;
pisca e anda;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?
("Memórias de Emília", Monteiro Lobato)

Sem piscar

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Do lado de cá da vida

Mãe Lilizinha do Canto B, chamada por mim às pressas, não consegue contatar Patrick Swayze. Ela acredita que seu ghost tenha contrato de exclusividade com a vidente clarividente Oda Mae Brown, que anda desaparecida das telas, do Oscar e dos conventos. Era minha tentativa desesperada de conseguir, com a ajuda do além, a senha para alguma conta milionária, e assim largar tudo e finalmente viver a vida. Quem sabe, mesmo após quase vinte anos e tantos percalços na economia, ainda tenha algo pra raspar da conta de Rita Miller, que imaginei tratar-se de uma parente distante de Morgana Jones Bronson (quando solteira, Morgana Jones Müller – entretanto, os Miller são irlandeses e os Müller, germânicos, conforme explicação filológica inquestionável de seu incansável esposo, Bronson Jr., sempre em busca das verdades onomásticas).
Tão lembrado por outros filmes, Patrick é para mim o eterno surfista gente boa e chefe da quadrilha que assaltava bancos usando máscaras de presidentes dos Estados Unidos no clássico incontestável “Caçadores de emoções”. E é o médico que ajudou pessoas carentes na Índia favelada e não global de “Cidade da esperança” (Índia que me persegue até na música desatualizada de Gilberto Gil abaixo, introduzida na letra certamente com um profundo significado espiritual que em meu apego à matéria não consigo vislumbrar).
Enquanto isso, na misteriosa Santo Amaro da Purificação, dona Canô reitera seu compromisso com a imortalidade e completa hoje seus 102 anos, perfeitamente saudável, serena, incólume, irradiando jovialidade e praticando pilates (quiçá ensaiando passos de uma Purification Dancing), como sói acontecer aos seres eternos baianos. Viva Canô! Viva a Bahia!
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Desde o tempo do carro de boi
Da época do trem motriz
Do auge dos canaviais
Tens vivido a semear a luz
A paz e o amor que tem raiz
Na Índia dos teus ancestrais
Vida cheia de momentos raros
Nesta cara Santo Amaro
Terra de doces paixões
Zeca e todas as meninas
E os meninos, quantos sinos
Quantos hinos, quantas orações
Hás de ouvir de nós
Sempre essa voz
Sempre essa voz
Sempre em tom de louvor
Nossa emoção, Canô
Nesta canção, Canô
Nossa emoção, nesta canção
Parabéns pra você, Canô
Cem anos com você, Canô
Parabéns pra você, Canô
Cem anos com você, Canô

I've had the time of my life

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cadê o Belchior?

O rapaz latino-americano mais famoso do Ceará desapareceu. O nonsense é que ele sumiu já faz uns dois anos e só agora alguém se deu conta. Abandonou o carro no aeroporto de Congonhas, obviamente por medo de avião, e fugiu do que era seu, seguindo as paralelas dos pneus, quem sabe de volta para o interior de onde veio, quem sabe desenvolver outra veia artística numa grande cidade do hemisfério norte (nesse caso, teria ido de navio), quem sabe ainda mudou radicalmente a vida, iniciou-se com um guru hindu, pesou a alma, mudou a cor da aura e foi trabalhar como um modesto taxista em Dubai. Nada o prendia, não tinha parentes importantes, não tinha dinheiro no banco (e se juntou algum durante a carreira, deve ter gasto após tantos anos de ostracismo). Cansou de contar como viveu e resolveu apenas viver a vida (dúvida: seria tudo parte da campanha de lançamento da novela?). Bem que ele fez. E agora a plebe, insuflada pela mídia, procura-o, pede a volta do seu grande artista, jura que o viu nos lugares mais inusitados e anseia por ver novamente a luz do seu olhar. Ah! rapaz, já deves estar longe... passas praças, viadutos, nem te lembras de voltar.








Viver é melhor que sonhar