quarta-feira, 25 de junho de 2008

Eu, Dercy, há dez mil anos atrás

TOMO II
Com Silvio Santos, o Sumo-Sacerdote do Baú, Dercy pariu as criaturas medonhas e abomináveis conhecidas como os Jurados, líderes do culto chamado “Show de Calouros”, dos quais os maiores expoentes eram Pedro de Lara e Araci de Almeida. Com Araci de Almeida, pariu a Marlene Mattos. E ainda com Silvio Santos, Dercy pariu uma voz desprovida de matéria muito apegada ao pai, que foi batizada de Lombardi.
Como Silvio passava por dificuldades financeiras trabalhando de camelô, Dercy inventou o carnê do baú para tirá-lo do aperto. Ele enriqueceu e lhe prometeu a casa própria, desde que ela ficasse em dia com as mensalidades, mas nunca cumpriu. Em segredo, Dercy adotou uma criança e transmitiu-lhe todos os seus conhecimentos. Anos mais tarde, essa menina seria o instrumento da vingança de Dercy contra Silvio, contando-lhe a piada do bambu, ensinada por Dercy. Mas Silvio Santos era mais esperto e preparou uma câmera escondida com Ruth Roncy, expondo as vergonhas de Dercy. Mas como ela era sem-vergonha e boca suja, não adiantou nada.
Desde então fizeram um pacto. Para cada palavrão dito por Dercy Gonçalves, Silvio Santos ganha um cruzeiro, ou a moeda em vigor na época, em barras de ouro que valem mais do que dinheiro, oieee...
Com Roberto Marinho, Dercy pariu Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Nair Belo, Renato Aragão, Cid Moreira e Léo Batista.
Hebe e Silvio Santos geraram o Chaves e o Gugu. Chaves e seus vizinhos morreram num acidente de avião e ficaram presos a este plano da existência, razão pela qual continuam se manifestando diariamente há décadas. Recentemente, inspiraram uma série de grande sucesso da televisão norte-americana. Gugu afeiçoou-se ao pintinho amarelinho e não gerou descendência.
Lolita Rodrigues inaugurou a TV Tupi e é a única pessoa viva a lembrar do hino da televisão brasileira, criada por Assis Chateaubriand por sugestão de Dercy, para que ela pudesse espalhar seus palavrões por todo o país.
Com Jamelão, o jovem, Dercy pariu Elza Soares, Mussum, Glória Maria e Zulu, a mulata que não ri. Ela chupou manga e deixou as sementes caírem na Estação Primeira, fundando a conhecida escola de samba. Tempos depois, rompeu com eles e foi desfilar com os peitos à mostra na Viradouro.
Cansada de viver em Madalena, Dercy saiu com a primeira caravana do Clube do Bolinha, levando consigo sua dileta filha Zulu, a mulata que não ri. Com Edson Cury, o Bolinha, Dercy pariu Golias, Fafy Siqueira, Zacarias e dona Wilma. Dona Wilma não pariu ninguém e, por isso, roubou o Pedrinho. Era final de ano e todos passaram o Réveillon no Ilha Porchat.
Nair Belo constituiu várias famílias e achava muita graça nisso. Com Golias, pariu a Família Trappo e o Carlos Alberto de Nóbrega. Com Rogério Cardoso, pariu a Grande Família. Para não ficar incomodando em casa, Dercy matriculou o genro, sob o pseudônimo de Rolando Lero, na Escolinha do Professor Raimundo, onde conheceu este último, com quem teve numerosa descendência. Como o salário dele era pequeno e não podiam sustentá-los, Dercy abandonou todos na roda dos excluídos, que ainda funcionava naquela época. Muitíssimo tempo depois, o Senhor chamou Nair Belo, que no início se fez de surda e não quis ouvi-lo, mas acabou cedendo porque a zorra seria total.
Cid Moreira e Léo Batista ficaram amigos de Sérgio Chapelin, que gostava muito de programas sobre animais, e adotaram a Zebrinha do Fantástico, que logo aprendeu a falar “Boa noite”.
Com Beto Carrero, Dercy pariu Dedé Santana. Ele se uniu a Didi, Mussum e Zacarias e criaram Os Trapalhões, que destruíram de vez o cinema nacional. Numa experiência genética fracassada e feita em segredo, pois era proibido o uso de células-tronco embrionárias, Os Trapalhões geraram o Sargento Pincel. Zacarias e Mussum morreram e, apesar de idas e vindas, Didi e Dedé continuaram unidos. Na vida é tão bom ter amigo.
Com Fidel Castro gerou o asqueroso e terrível Lula, uma anomalia sanguessuga que vive nas profundezas do mar, assemelha-se a um sapo barbudo e tem a língua presa. Este ser tem o poder maléfico de expressar-se por meio de metáforas sobre futebol e de nunca, em hipótese alguma, perder sua popularidade.
Todos esses eventos nada mais foram do que a preparação para sua maior obra: as novelas da TV Manchete, em que Dercy pretendia interpretar Dona Beija, Juma Marruá, Xica da Silva e cantar o Canto das Sereias, sendo porém recusada por questões estéticas. Por vingança, ela exigiu que Silvio Santos retirasse as fitas beta do fundo do Baú e as reprisasse incansavelmente, logo após o Chaves.
Dercy pariu mais de 500 mil crianças ao longo de seus incontáveis anos de vida, mas pelo menos umas 100 mil morreram ao nascer, por ver o rosto da mãe. Todos aqueles que enumeram os filhos de Dercy enlouquecem. Esse panteão de criaturas de pesadelo é conhecido pelo nome coletivo de FILHOS DA PUTA.
Por incrível que pareça, Dercy nunca havia se entregado aos prazeres sensuais do carnaval baiano. Após recuperar-se de um acidente automobilístico em que, obviamente, não sofreu um arranhão, Dercy passou um ano em Santo Amaro da Purificação, BA, comemorando o aniversário de sua amiga de infância, dona Canô Veloso. Lá também reencontrou aquele menino muito inteligente, Oscar Niemeyer, com quem ela se divertia em tenra idade, construindo cidades de concreto armado na praia.
Diz a lenda que, para saber a idade de Dercy, seria preciso contar o número de rugas em todo seu corpo, número este que aumenta de milênio em milênio. E quem conseguir fazê-lo, absorve seu dom da imortalidade. Porém, nenhum olho humano pode observar aquele corpo, e nenhum ser vivo do universo tem mente o suficiente pra gravar tamanha quantidade de rugas. Além disso, a cada segundo perdido por ter que reiniciar a contagem, zilhões de rugas novas aparecem. Os atuais métodos de análise de DNA e datação por carbono-14 são igualmente incapazes de chegar a um resultado preciso, pois mesmo com toda a evolução da cibernética, não há computadores capazes de fazerem o cálculo.
Meditando em templos do paganismo, os iluminados Mestre Yoda, Nostradamus, Walter Mercado, Chica da Silva Xavier e Mãe Lilizinha do Canto B capturaram um vislumbre do mais terrível e apoteótico futuro já previsto, no qual Dercy Gonçalves morria. Virgem. Tal futuro, segundo eles, significaria o Fim dos Tempos, pois eles mesmos profetizaram: “666 segundos antes do fim de tudo, Dercy Gonçalves, O Ser Eterno, irá morrer.” Dizem que somente o Padre Voador pode atestar a veracidade dessa profecia, pois ele viajou até o Fim dos Tempos, mas infelizmente seu paradeiro atual é desconhecido. É possível que Dercy o tenha mandado pra PUTA QUE O PARIU.
(Essas informações foram obtidas das mais diversas fontes, todas antiqüíssimas e fragmentadas. Pode-se citar aqui o Necronomicon, livro gentilmente divulgado na nuvem virtual pelos abnegados pesquisadores da Desciclopédia; as Memórias da Avó da Neta, ainda em manuscrito, pois nenhuma editora aceitou publicar tantos volumes (essa obra deve ser aceita com cautela, pois muitas informações podem ter sido falseadas, dada a pré-histórica rivalidade entre as duas); e partes só recentemente traduzidas da epopéia de Gilgamesh, dos evangelhos apócrifos, do Silmarillion e do romance Guerra e Paz.)

Só vou morrer quando eu quiser

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Eu, Dercy, há dez mil anos atrás

TOMO I
“Quem me criou foi o tempo, foi o ar. Ninguém me criou. Aprendi como as galinhas, ciscando, o que não me fazia sofrer eu achava bom.” Esta declaração da própria Dercy Gonçalves é a única referência sobre sua verdadeira origem, supondo-se que seja confiável, uma vez que ela é mais velha do que a própria idéia de registrar a vida de alguém.
Dercy Palpatine Ramsés Tutankhamon Windsor Abravanel Marinho Castro Orleães e Bragança de Éden Gonçalves tem o poder da imortalidade e antigüidade, conhecendo toda a história do universo, visto que ela a presenciou. Possui também o dom de xingar 4 mil palavrões em 30 segundos, permitindo-lhe deixar seus inimigos com a auto-estima lá embaixo. Alimenta-se exclusivamente de ambrosia e néctar. Sua única limitação física é uma ligeira dificuldade auditiva, adquirida por ter ouvido um grande barulho, que depois ela soube tratar-se do Big Bang. Na ocasião, ela tentou gritar mais alto, mandando o responsável SE FUDER NA CASA DO CARALHO!
Das muitas coisas passadas e escritas, dos infinitos horrores deste mundo, é dito que Ela, A dos Muitos Nomes, Mãe de Mil Abominações, Aquela cuja Boca é a Cloaca do Mundo, A Morta que Não Morre, cujo nome conhecido torna loucos aqueles que o proferem, Dercy da Boca Imunda, proferiu a primeira palavra, PORRA, e começou a parir sua progênie medonha num tempo antes do tempo.
Foi a pioneira na taxonomia dos órgãos sexuais, tendo orientado a primeira cópula entre Adão e Eva. Como sua esposa andava se engraçando com uma certa serpente, Adão decidiu conhecer Dercy no sentido bíblico. Dessa relação nasceram Nod e todos os habitantes da terra de Nod, os Homens que Dizem Ni e os Lumpa-Lumpas. Assim, Caim poderia povoar a terra algum tempo depois sem precisar cometer incesto. Séculos mais tarde, Dercy namorou um dos descendentes de Adão, Matusalém, o moço.
Como ainda não conhecia o real alcance de seu maior poder, a imortalidade, Dercy temeu morrer afogada no dilúvio, e pediu a Noé para entrar na arca. Mas a Avó da Neta, que ajudou Noé a separar os casais de animais que seriam salvos, há séculos tinha uma rixa com Dercy, pois contestava o título de ser vivente mais antigo do planeta, e não a deixou embarcar. Dercy mandou-a TOMAR NO CU e salvou-se em uma jangada, pois ela sabia muito bem com quantos paus se fazia. Foi parar numa grande ilha que batizou de Atlântida, que milênios mais tarde lhe inspiraria a criar uma indústria cinematográfica brasileira.
Acreditava-se que ela era a mãe do primeiro highlander a colocar os pés neste mundo, e que a única forma de derrotá-la seria cortando a sua cabeça e jogando-a no fogo da perdição de Sauron. Com o passar dos séculos, após pararem de se enfrentar eternamente na esperança de se matarem (mesmo sendo imortais) e analisarem sua situação, os highlanders perceberam que o destino de cada um estava feito, e a profecia, cumprida: só haveria um. No caso, uma. Entretanto, um grupo dissidente tentou se unir para matar Dercy, achando que ela fosse mesmo um deles. Ao tentarem, falharam, pois suas espadas não a feriam: Dercy nascera antes das leis da física, e sua composição química repelia qualquer matéria ou energia, por serem coisas muito modernas se comparadas à sua pele.
Com Satã Goss, que tinha o poder de enfurecer os seres e transformá-los em monstros incontroláveis, Dercy pariu Darth Vader. Em seguida, mandou construir a Estrela da Morte e se tornou o Imperador, sendo muitos milênios depois destronada pelos Jedi, e indo refugiar-se em uma pirâmide no Terceiro Mundo, onde permaneceu outros tantos milênios até ser acordada por Escamoso, Simiano e Chacal. Para puni-los, invocava os espíritos do mal que transformavam aquela forma decadente em Mumm-Ra, o Ser Eterno. Mas o encantamento não era duradouro e ela logo voltava à velha forma.
Dirigiu-se então ao recém fundado Egito, onde inspirou a técnica da mumificação, tendo servido de modelo por várias dinastias, e partilhado da cama de todos os faraós, inclusive da faraona Hatshepsut, a barbada. Sua fama correu o mundo e logo foi convidada à corte do rei Nabucodonosor, para dirigir a mais famosa casa de massagens da Babilônia, que lhe deu fama de cafetina. Mas Dercy começou a ter vertigens com aqueles jardins suspensos, que eram altos pra CARALHO, e mandou o rei Nabuco tomar NABUCO dele.
Na Atenas de Péricles, Dercy iniciou sua carreira artística, atuando em Antígona, de Sófocles. “Não é antigona, PORRA!”, dizia nas entrevistas na Ágora. Recusou o papel-título de “Lisístrata ou A Greve do Sexo”, de Aristófanes, por ser contra seus princípios, o que lhe levou ao ostracismo.
Retornou ao Egito, envolvendo-se em novas polêmicas amorosas. Sua maior rival foi a rainha Cléo, pois esta ganhou os corações dos generais romanos Júlio César Cardematori e Marco Antonio. Dercy nunca a perdoou por isso e, disfarçada de empregada, entregou à sua rival um cesto cheio de cobras venenosas, dizendo serem morangos silvestres da Babilônia, causando a sua suposta morte, fato este controverso.
Para escapar da prisão perpétua, o que seria um martírio infinito, refugiou-se em sua pirâmide, ressurgindo séculos depois na corte de Elizabeth I da Inglaterra, onde foi ama de leite das jovens Rainha Vitória, Rainha Mãe e Rainha Elizabeth II, mulheres de saúde frágil que não viveriam muito.
Depois de muitos séculos fora dos palcos, Dercy retomou a carreira de atriz, participando da inauguração do Moulin Rouge, em Paris. Lá conheceu um de seus mais ilustres amantes, D. Pedro II, ex-Imperador do Brasil, aquele que era mais velho do que o pai. Mas quem foi rei nunca perde a majestade, e ele era muito apegado a uma coroa. Não sobreviveu muito tempo, o que deixou Dercy entristecida.
Depois de um porre de absinto, Dercy acordou na cama dos irmãos Lumière. Eles acabaram inventando o cinematógrafo a seu pedido, porque ela queria muito rever as cenas de sexo ardente que fazia com eles. Dessa relação nasceu Olivia de Havilland, que cedo foi morar em Hollywood, mudando-se depois para a Geórgia, onde se uniu aos confederados.
Por ser uma precursora do cinema, Dercy recebeu alguns convites naquela época de ouro. No início fez figuração em filmes como “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin (filme do qual, segundo rumores, correu o risco de ser afastada várias vezes por sua inaptidão para o cinema-mudo) e, mais tarde, ao alcançar o estrelato, protagonizou blockbusters como “A Múmia” e a seqüência “O Retorno da Múmia”, “A Noiva de Frankenstein” e “A Noiva Cadáver”, além de ter feito ponta como a mãe de Ben Hur, alcançando grande sucesso. Infelizmente, não demorou muito para que a fama subisse à sua cabeça e para que ela mandasse Hollywood inteira pra PUTA QUE O PARIU, deixando alguns executivos estupefatos e encerrando de vez sua carreira no cinema internacional.
Jogada na sarjeta, Dercy foi encontrada por um de seus maiores fãs, Santos Dumont, que a convidou para ser aeromoça do 14-Bis (apesar da contradição do termo). Assim, ela chegou ao Brasil no início do século XX, indo parar na cidade de Santa Maria Madalena, RJ, onde, com a ajuda de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, forjou uma certidão de nascimento, com a data de 23 de junho de 1907 e o nome de Dolores Gonçalves Costa, para regularizar sua situação jurídica.
Em seguida, Dercy e Macunaíma decidiram impulsionar as artes no Brasil, e inventaram a Semana de Arte Moderna, o movimento antropofágico (onde todo mundo comia todo mundo), o teatro de revista, a pornochanchada, a radionovela e a dança do maxixe (um homem no meio com duas mulheres fazendo sanduíche). Como a essa altura já não tinha mais nenhum descendente vivo, exceção feita a Olivia de Havilland, Dercy resolveu procurar seres tão antigos quanto ela, que pudessem lhe dar filhos para povoar a televisão brasileira, que ela pretendia criar.
Repórter Esso, testemunha ocular da história...

Xô, perereca!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Marquinho de volta à Ilha das Maravilhas

Passada a temporada de ciclones, uma calmaria nos trouxe de volta ao litoral catarinense. Já cansado das abobrinhas do Padre Voador, aproveitei que estávamos sobrevoando novamente a Ilha das Maravilhas, pedi alguns balões emprestados e saltei. Isso desestabilizou um pouco o sistema de navegação do padre, que voou rápido em direção ao oceano. Nunca mais tive notícias dele. Sentindo-me praticamente a Alice, colhi uns cogumelos silvestres e fui explorar a Ilha e suas circunvizinhanças.
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AS MARAVILHAS DO PURO VENENO
O caderno da Pequenininha. Fonte inesgotável e infalível de todo o conhecimento humano.
O chuveirinho do banheiro da casa da Barbie. Essa maravilha eu não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas dizem, e eu acredito, que faz milagres e proporciona indescritível alegria.
A flor alucinógena do Vértice, conhecida simplesmente como “A Flor”. Artefato mítico trazido de Buenos Aires, que fica na Argentina, mas cuja origem é absolutamente desconhecida. Os não iniciados o consideram um simples prendedor de cabelo, de madeira. Na verdade, é capaz de transportar-nos a um mundo de vida plena e sabedoria, onde a realidade vil e os discursos emburrecedores são esquecidos.

A coleção de bonecas da Mamãe Oliveira. Admirada por uns, invejada e desejada por muitos, diz a lenda que por vezes essas minhas irmãs criam vida própria, apenas pelo poder que Mamãe Oliveira lhes transfere.
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O vinho branco da Epagri. Bebida sagrada feita de uvas geneticamente modificadas, que só dão um bago por cacho, que por sua vez só podem ser colhidas uma vez por ano e comercializadas por pessoas devidamente autorizadas. A família da Delicada tem acesso exclusivo a este milagre da natureza.
O home theater da casa do pai do Rodrigo. Imagem, som, sensação, é o próprio mundo dos sonhos.

O Tinky Winky. Lendário veículo d'A da Perninha, quase participou da antiga corrida maluca. Sobrevivente aos camponeses com tochas e às estradas do Paraná.
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O palacete dos Botomé. Também considerado uma das maravilhas de Floripa, pela suntuosidade e imponência, por ter sido construído aliando a paciência oriental e o jeitinho brasileiro, e por ser uma reserva ecológica artificial, especialmente da fauna canídea.

O rigatoni ao gorgonzola e o torteloni ao funghi do It's Italian. Os pratos mais pedidos do restaurante mais apreciado pelo Puro Veneno, seu sabor evoca as mais recônditas reminiscências, tal qual o ratatouille do filme.
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A comida da vó d'A da Perninha. Todas as iguarias com as quais a imaginação e a gula humana são capazes de sonhar. Bolos, tortas, pratos quentes e o inolvidável doce de pêra.

O Dramin. Droga que encerra todo o poder da boa e velha indústria farmacêutica. Desloca-nos no tempo e no espaço e resolve todos os nossos problemas.
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O fondue. "A gente tem que marcar um fondue". Esta frase foi repetida durante anos e poucos criam que um dia seria concretizada. Mas concretizou-se, repetiu-se e tornou-se tradição. Normalmente este festival gastronômico de inverno (e outras estações) ocorre no também maravilhoso Palacete dos Botomé.
A Continental nas quintas-feiras. Lugar mais legal, mais perto e mais barato que um universitário tinha pra se divertir alguns anos atrás, desde que chegasse antes das nove da noite nas quintas-feiras. Música, dança, sex on the beach, amizades bem resolvidas. Só nunca conseguimos descobrir quem é esse tal de Renner.
A barraca d'A da Perninha. Casaco/jaqueta/japona, esta vestimenta transformer pode tomar qualquer forma que sua dona quiser, especialmente a de abrigo contra as intempéries.
A nave-mãe da Barbie. Impressionante por sua imponência, este meio de transporte avançadíssimo para a compreensão humana é capaz de cruzar a ilha com a velocidade do pensamento. Algo que só a Barbie universitária poderia proporcionar.

O “Let's play zoo”. Brincadeira de cunho ecológico importada do estrangeiro, desafiava a coordenação motora e mental, além do bom senso. Acontecia a qualquer lugar e a qualquer hora, quanto mais público melhor, pois o objetivo era a conscientização da sociedade de que, no fundo, somos todos animais (A foto ao lado é meramente ilustrativa, pois não há registros do jogo, que sempre iniciava e terminava muito rápido, graças à carência geral de coordenação.)

Os gatos da Doutrinadora. Seres humanos de quatro patas, nerds, preguiçosos, alimentados à base de fandangos, exibicionistas e com perfil no Orkut, são repositórios de grande sabedoria, mas preferem ficar dormindo e fazendo bagunça.

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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fim dos tempos

A última rajada de ventos levou-nos muito longe, a um lugar ao qual nem o fracassado Bug do Milênio nem o decepcionante Dia da Besta conduziram a humanidade num derradeiro êxodo: o Fim dos Tempos. Para chegar lá, você deve ir reto toda vida, toda vida, toda vida. Passando pelo Armagedon, camba às direita e continua até o Ragnarok. É logo depois. Cansado de tantas loucuras, tive uma atitude prudente, comportamento óbvio, afinal era o Dia do Juízo. Disse ao Padre Voador para não pousar num lugar tão inóspito e tentei descobrir o que se passava assistindo a uma pequena TV do Paraguai presa na roupa dele. Ficamos uma semana ali, até o vento fazer a curva e nos mandar de volta.
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FANTÁSTICO
(no início) Cid Moreira: Domingo, Fim do Mundo, vai começar o último Fantástico!
(no final) Zeca Camargo: O Fantástico fica por aqui. Entre agora no nosso site e participe de um chat com a Mãe Diná, que falará tudo sobre o que acontecerá depois do fim.
Glória Maria: Tenham uma semana apocalíptica!
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PROGRAMA SÍLVIO SANTOS
Sílvio Santos: Ma, oi, rá rai ri ri! Já está à venda a Tele-Sena do Fim do Mundo. Serão vários sorteios todo domingo, antes do Topa Tudo por Dinheiro, até o grande dia. E desta vez a Tele-Sena vai distribuir o maior prêmio da sua história: um bilhão de reais, eu disse UM BI-LHÃO de reais. Você, como é o seu nome?
Pobre do auditório: Creuza.
Silvio Santos: Você veio com a caravana de onde?
Pobre do auditório: De Laranjeiras do Sul.
Silvio Santos: E onde é que fica isso, no fim do mundo? Rá rai ri ri!
(...)
Silvio Santos: Agora eu quero falar de um programa sensacional que o SBT vai apresentar no Fim do Mundo. É realmente incrível, esse programa foi ao ar 20 anos atrás, foi o maior sucesso em todo o mundo e agora o SBT vai trazer novamente pra você. Quem não viu, vai gostar. E quem viu, eu tenho certeza que vai querer ver novamente. Eu recomendo, e por que e por que que eu recomendo? Porque é bom. É a história de uma moça pobre, que passa a vida inteira procurando o seu amor e, no dia em que o mundo vai acabar, eles acabam se encontrando. Você não pode perder, é com a Thalia, estrela de novelas aqui do SBT. Então, não esqueça, no dia do Fim do Mundo, logo após o Chaves, “Maria do Apocalipse”. Mas se você perder, não se preocupe. Algumas pessoas têm ligado para a nossa produção, reclamando que o programa irá ao ar no mesmo horário do último capítulo da novela Leblon, da TV Globo. Não há problema, pois o SBT vai reprisar “Maria do Apocalipse” logo após Leblon. E logo depois, minutos antes do Grande Final do Mundo, o SBT Repórter Especial vai trazer pra você a vida de um grande homem que mudou o século XX. Você não pode perder, pela primeira e última vez na televisão, o Brasil vai conhecer a cara do Lombardi, oieee...
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BOM DIA BRASIL
Míriam Leitão: A bolsa de Tóquio fechou o pregão do último dia do mundo em baixa. Londres também abriu com baixa. Tudo indica que isso irá repercutir em Nova York e São Paulo. Essa situação do mercado financeiro reflete as preocupações dos investidores, que não estão contentes com a nova política cambial adotada pelo governo diante do Fim do Mundo. Mas logo, logo, talvez para o segundo semestre do próximo ano, as coisas devem começar a melhorar.
(...)
Renato Machado: O Bom Dia Brasil vai ficando por aqui. Tenham todos um ótimo Fim do Mundo.
Renata Vasconcelos: A gente se despede com imagens da semana em que o mundo esperou o próprio fim. A gente não volta a se encontrar amanhã.
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MAIS VOCÊ
Ana Maria Braga: Amanhã, no mais você, nós vamos aprender a preparar um prato que é uma delícia, para você lamber os beiços com sua família, naquela horinha gostosa do Fim do Mundo. Te espero amanhã.
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VIDEO SHOW
Miguel Falabella (que volta para apresentar o último programa, pois André Marques foi chamado para participação especial nos últimos capítulos da Malhação): Você vai ver hoje no Vídeo Show: Imagens nunca antes mostradas do dia em que Cissa Guimarães quebrou o côco e arrebentou a sapucaia. E as gravações do último capítulo de Leblon, a novela da Manoel Carlos que foi recorde de audiência. E ainda, Cissa Guimarães encontra vários artistas na gravação da nova mensagem de Fim do Mundo da Globo.
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MALHAÇÃO
No último capítulo, é revelado o nome do misterioso comprador do Múltipla Escolha: Héricles (Danton Melo). O ingênuo rapaz tornou-se um homem sem escrúpulos e casou-se por dinheiro com Paula (Sílvia Pfeifer), depois da indenização que ela recebeu pela morte da irmã gêmea na explosão do shopping Tropical Towers e da pensão milionária após o divórcio com Bruno Mezenga. Separou-se dela e assumiu seu relacionamento de anos com o Mocotó (André Marques). Seu plano é derrubar tudo e reconstruir a lendária academia Malhação, da qual finalmente será o proprietário.
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CASSETA E PLANETA
Narrador: O Fim do Mundo ainda não acabou, veja o que você vai ver depois dos comerciais...
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GLOBO REPÓRTER
Sérgio Chapelin: Baratas, escorpiões, mafagafos, mandrágoras: as espécies capazes de sobreviver a uma hecatombe nuclear. Dercy Gonçalves: a opinião daquela que viu o início e verá o fim. Pode a espécie humana sobreviver? Nesta sexta, no Globo Repórter.
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PROGRAMA DO JÔ
Ao longo da última semana, Jô Soares entrevista os seres mais antigos do planeta: Glória Maria (que tomou 800 pílulas em 15 minutos de entrevista), Elke Maravilha, Hebe Camargo e o Chaves (gentilmente cedidos pelo SBT), Cid Moreira, o próprio Silvio Santos (gentilmente cedido por suas filhas que finalmente assumiram o controle da TVS), Olivia de Havilland (sempre tem uma entrevista em inglês), e os amigos de infância Canô, Oscar Niemeyer e Dercy Gonçalves, a mais antiga contratada da Globo. A Avó da Neta foi convidada, mas não compareceu pois foi ao dentista. Fidel Castro foi cogitado, mas não haveria tempo suficiente pra levar toda a entrevista ao ar. No final, para surpresa de todos, Jô Soares entrevista o Dr. Ulisses Guimarães e o jornalista Roberto Marinho (vocês não acreditaram que eles tinham morrido, né?).
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JORNAL NACIONAL
Fátima Bernardes: Na última reportagem da série sobre o Fim do Mundo, você vai ver como o Fim do Mundo pode resolver o problema da fome. E com uma solução simples.
(...)
Moça do tempo da vez: A frente fria que chegou nessa madrugada à região sudeste já está se afastando, e o tempo deve ser ensolarado nessa grande área clara, que vai do litoral paulista até o litoral carioca, com possibilidades de chuva no decorrer do período.
Fátima Bernardes: Os paulistas pegaram a estrada cedo por causa do feriadão de Fim do Mundo, congestionando as estradas que levam ao litoral paulista e ao Rio de Janeiro. A Polícia Rodoviária já está se mobilizando, para evitar acidentes, com a Operação Fim do Mundo, em todo o Estado de São Paulo.
(...)
(no fim do jornal) William Bonner: E agora, você fica com o último capítulo de Leblon.
Cid Moreira: Boa Noite. (Sim, ele mesmo; o último “boa noite” do último Jornal Nacional do último dia do mundo não poderia ser dado por outra pessoa.)
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ESPECIAL FIM DO MUNDO COM A XUXA
Num momento marcante do programa, deixando uma mensagem de esperança para todos os baixinhos, Xuxa parte com Sasha em sua nave para fora do planeta, salvando-se do Fim do Mundo, e o resto das crianças que se f...
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TRANSMISSÕES AO VIVO
Dirceu Rabelo, o narrador da Globo: Toda a equipe da Rede Globo, nos quatro cantos do planeta, preparada para transmitir para você todas as emoções desse evento inesquecível. AO VIVO! EXCLUSIVO! Amanhã, logo depois do último capítulo de Leblon. (Era óbvio que a Globo compraria os direitos de transmissão do Fim do Mundo, mas sem abrir mão da sua programação. Tudo o que existe termina com a transmissão da vinheta.)
Hoje é um novo dia de um velho mundo que acabou
Não há novos dias nem alegrias, isso é pra todos, é só querer
Nossos pesadelos serão verdade
Pois o mundo já acabou
Hoooje a morte é sua, hoje a morte é nossa, é de quem quiser, quem vier
A morte é sua, hoje a morte é nossa, é de quem quiser, quem vier

Rogai por nós, bem-aventurado Antônio

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Marquinho na Ilha das Maravilhas

Bons ventos nos levaram a sobrevoar aquele pedacinho de terra perdido no mar, primeiro pisada pelos carijós e pelos naufragados de Aleixo Garcia, depois povoada por falantes de um dialeto quase incompreensível, referida já nos relatos dos aventureiros Franklin Cascaes, Robinson Crusoe, Gulliver, John Locke e Lewis Carroll como A Ilha das Maravilhas. Ao redor da lagoa formosa onde a lua se espelhava, nas matas, praias e freguesias, pude divisar algumas das singulares construções que fizeram a sua fama. Infelizmente, só pude apreciar aquelas belezas de cima, porque o atrapalhado do Padre Voador não deu jeito de pousar, e logo um novo ciclone extra-tropical nos sacudiu para outras bandas. Uma coisa eu posso garantir: as Maravilhas são MARA!
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AS MARAVILHAS DE FLORIPA
O Palacete dos Botomé. Pela suntuosidade e imponência, por ter sido construído aliando a paciência oriental e o jeitinho brasileiro ("prefiro não comentar"), e por ser uma reserva ecológica artificial, especialmente da fauna canídea.
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A FAED. Por resistir ao tempo e aos cupins, por desafiar a lei da gravidade (a biblioteca foi removida para o Clube Doze porque tinha risco de desabar) e pela eficaz utilização do panóptico. Também conhecida como O Templo.
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Fórum de São José. Pela sofisticada técnica que permitiu criar labirintos tão complexos (a gente se perde nas escadas), pela inovação ao colocar as tomadas no chão, e pelo design futurista.
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Centro Executivo Casa do Barão. As torres gêmeas de Florianópolis, com vista para o Batalhão do Exército, também conhecido como Jagatá; por preservar a memória do WTC e ter vista para outras maravilhas.
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Centro de Eventos da UFSC. Também conhecido como Elefante Branco, porque só as grandes obras da humanidade demoram tanto tempo pra ficar prontas (infelizmente foi concluído e, portanto, descaracterizado).
EMAJ (antigas instalações). Pela resistência a ser assimilado pela modernidade (infelizmente a transferência do EMAJ para outro prédio apagou a vivacidade do lugar).
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Shopping Iguatemi. Pela integração homem-meio ambiente.
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O Itambé. Pelo espaço de sociabilidade e diversidade inigualáveis.
Fórum da Capital. Por ser um eterno memorial à fome de justiça (afinal, tem a forma de uma marmita), e pela sábia utilização do espaço vazio.
O paredão da Hercílio Luz. Obra inconfundível que acompanha o traçado natural do antigo Rio da Bulha (hoje conhecido como esgoto), e pela homenagem às mulheres (todos os prédios têm nome de mulher; dizem que eram as amantes do engenheiro).
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Memorial do Miramar. A cidade não tem ruínas da antigüidade, mas tem as suas colunas inacabadas do mesmo jeito; tão integradas à vida da cidade que ninguém as vê.
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O Sistema Integrado de Transportes. Há anos desafiando a compreensão humana e os limites da razão e da lingüística (integrado?). Trata-se aqui não de uma obra, mas de um conjunto de obras idealizado por governantes de grande visão.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Tem cuca?

Parágrafo. Letra maiúscula.
Manuelito, português louro, sem bigode e magricelo, homônimo daquele paranaense que cantava os versos “no Brega, no Brega, foi no Brega que eu conheci o meu amor...”, e sem nenhum parentesco com o dito cujo, franqueou-nos a entrada no Reino das Palavras, novo nome adotado após plebiscito pela população do antigo País da Gramática, visitado pela Marquesa de Rabicó nos anos 1930. Exultou de felicidade ao rever o velho amigo Professor Pasqualouro, como sou conhecido naquelas plagas.
Chegamos providencialmente à hora do chá, uma tradição em casa de Manuelito, que sempre recebe as visitas mais ilustres para saborear as delícias da língua mátria, entre um bolinho de chuva e um pedaço de cuca da Confeitaria e Panificadora Beludo. O curioso é que Manuelito, para manter a esbelteza, nunca toca na comida. Já lá estava a Sra. Weltzer, da linhagem dos Pieri Weltzer, cuja genealogia se confunde com a própria história do ocidente, de raízes portuguesas, italianas, africanas e saxãs. À parte, Emília, a Boneca Gente, que se mudara para as vizinhanças desde que o Sítio do Pica-pau Amarelo fora invadido pelos sem-terra, conversava com o Visconde, o sabugo de milho mais sabido do Meio-Oeste, colhido nos campos de Gabi. E assim iniciamos os colóquios.
Sra. Weltzer, ávida de novidades, logo monopolizou a minha atenção.
- Mas que alvissareiras notícias lingüísticas nos trazes, festejado Pasqualouro?
- Trago-te um punhado de neologismos, umas quantas expressões idiomáticas grafadas com a ortografia d'Angola, que foram objeto de altercações por ocasião da reforma, e propostas de renovação, como a incorporação oficial dos xingamentos em nagô, para que mandemos todos os nossos desafetos à tonga da mironga do kabuletê, e eles possam pesquisar nos dicionários o significado. Mas hei de segredar-te: há coisas aqui sobre as quais nem deveríamos aquilatar.
- Aproveita então para tirar-me uma dúvida. Na frase “foi nomeado para o mesmo pelo Excelentíssimo Governador do Estado 'há época'”. Este 'há época' é com 'h' por ser no sentido de existir ou não?
- Não, caríssima, o correto é “à época”. Não sei explicar-te a não ser com exemplos: “há épocas em que Vossa Senhoria insuporta o meu português camoniano”, mas “à época em que eu laborava na sua companhia, meus préstimos lingüísticos eram de grande valia”.
Enquanto nos entretínhamos com aquela discussão, de quando em vez eu dava uma olhadela na televisão, que naquele momento transmitia o meu talk show favorito, “Metendo o Pau com H. Brandão”. A lendária apresentadora conversava com a famosa empresária da noite Micaela Ferrer, recém-chegada de França (na verdade, uma proxeneta atuando há anos em Portugal, fato notório que a apresentadora estranhamente omitiu). Sempre interessada na causa da humanidade, Brandão procurava engajar a entrevistada em seus projetos sociais, especialmente para angariar fundos para as várias creches que mantinha.
Eu ia assim distraído, quando Emília, fazendo jus ao título lobatiano de Dadeira de Idéias, deu a idéia de levarmos as iguarias para o pasto, estendê-las numa toalha de Natal e transformarmos aquele evento formal num aprazível convescote. Mas o Visconde, que apesar de ser sabugo de milho também envelhecia, embora não à mesma razão que nós humanos, tagarelou a falar de reumatismos, bicos de papagaio, artrite e outros desconfortos da idade, hábito adquirido com dona Benta, cuja farinha era usada pra fazer os quitutes que todos degustávamos. Seria difícil sentar no chão com as costas arqueadas. Além disso, fazia calor e ele temia estourar e virar pipoca.
Retomei o assunto com a Sra. Weltzer.
- Esqueci de dizer-te: ei-lo respondido com a brevidade requerida. Não o disse. Faço-o agora. Contentaste-te?
- Mui agradecida! Com certeza, respondeste-me a contento.
Para o segundo bloco, H. Brandão anunciou a entrevista com uma sua Amiga Modelo, cujo nome não me recordo, em breve visita para um desfile beneficente, antes de retornar ao eixo Milão-Paris-Nova York-Tóquio. Isso me lembrou que também eu deveria tomar o rumo de casa. Aguardava apenas o Padre Voador que fora rezar na capela local para pedir ventos favoráveis.
Despedi-me de todos com ósculos e acenos, prometendo visitar-lhos em breve.
Nova linha. Parágrafo. Letra maiúscula.