quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Profissionais do ano - ano II

Durante meses a fio, correram a boca grande em certo órgão público as peripécias de um certo fulaninho que, buscando seus interesses, fez tudo o que podia para passar a perna em quantos tinham mais direito do que ele de trabalhar (e morar) na Ilha das Maravilhas. Mas o grande defeito das pessoas que se acham muito espertas é ganhar uma confiança desmedida e perder os limites. Tanto fez que acabou sem saída: ou voltava para o lugar onde sempre deveria ter estado (saída mais óbvia para uma pessoa que precisa trabalhar) ou pedia pra sair. E depois de falar o que não devia, ouviu o que devia.
Os dizeres que seguem extravasam tudo o que outros – prejudicados ou meros observadores – gostariam de ter dito. E faz crer que, em meio a tantas bajulações e salamaleques jurídicos, ainda há quem não se furte de recorrer à boa e velha língua mátria.
O texto é relativamente público e nomes não foram mencionados, mas para evitar eventuais transtornos, omitirei a maioria dos lugares e o nome da instituição, que substituo por Órgão, o que não comprometerá em nada a degustação dessa pérola:
Após muito choro e lágrima, intervenção materna inclusive e, com sacrifício exclusivo de meu gabinete, movido por sentimento de caridade que hoje vejo ter sido mera otarice, cedi, por empréstimo, pelo período de um ano, o lastimoso partinte a Florianópolis, sob condição, negociada com o colega de Floripa, que fosse para o cargo comissionado de secretário do gabinete (...) Na época, corria-se o risco da autoexoneração, uma vez que o indigitado cursava o último ano da UFSC e correria enormes riscos indo e voltando pela BR-101 praticamente diariamente, segundo choros e velas derramados em meu gabinete. Não obstante, dois excelentes servidores de [sic] também cursavam o último ano da UFSC ao tomarem posse no mesmíssimo concurso e, silenciosamente, homens de fibra, adultos e de invejável caráter, suportaram o ônus e os riscos da BR-101 e se formaram honrosamente, sem prejuízo do valoroso serviço que aqui sempre prestaram. Hoje, honram-nos em [sic], ambos em gabinete, produzindo excelente trabalho jurídico. Passado o ano negociado, requisitado, verbalmente, de volta a [sic], o dito cujo, que aqui se encontrava mercê de MS [mandado de segurança], traindo vergonhosamente o contrato verbal, negou-se ao retorno, aduzindo seu DIREITO ADQUIRIDO a permanecer em Floripa. Requisitado no papel, esperto que só ele, desistiu do MS, crendo assim atropelar seu benfeitor. Estratégia pífia, pelo menos pra quem pretende fazer tão bonito lá na OAB, pois, com isso, sua lotação original, [sic], cobrou-lhe a presença. [sic] peticionou a Floripa, que declinou a Brasília que, por óbvio, negou-lhe a PRETENSÃO de atropelar antiguidade no concurso, no que mandou muito bem. Irresignado, o fulano impetrou MS em Brasília. Perdeu, como não poderia deixar de ser, a demonstrar que a OAB não vai ganhar lá grandes coisas e nem o Órgão está a perder qualquer coisa que valha. Não querendo, não precisando, segundo alardeia na rede dos servidores, daquilo que acoima de acomodação, referindo-se com descaso ao cargo no Órgão, em franca e grande deselegância com os colegas que ficam e que precisam do "empreguinho" agora desdenhado, exonera-se, não sem antes lançar farpas de sua mimadíssima irresignação. Portas da rua, serventia da casa. Já vai tarde. Abre-se a vaga a quem a faça por merecer e a quem a honre, como fazem os colegas servidores que ficam e que, tenho dito alhures, sempre engrandeceram o Órgão com sua incontestável dedicação, mesmo diante das mais variadas adversidades, como ter que exercer o cargo em [sic] distante da cidade natal, circunstância que, no Órgão, todos, sem distinção, incluídos os membros, sempre enfrentaram. Quer ser melhor que os outros, quer LEVAR VANTAGEM, que o faça fora do Órgão. Disse e repito, já vai tarde.
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Pede pra sair!

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