quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pessoas boas - a canção

(Jorge Aragão, Dida, Neoci)
Chora, não vou ligar
Chegou a hora, vais me pagar
Pode chorar, pode chorar (mas chora!)
Chora, não vou ligar
Chegou a hora, vais me pagar
Pode chorar, pode chorar

É o teu castigo,
brigou comigo
sem ter por quê
Eu vou festejar (vou festejar!)
o teu sofrer, o teu penar
Você pagou com traição
a quem sempre lhe deu a mão
Você pagou com traição
a quem sempre lhe deu a mão (la laiá, la laiá)

La laiá laiá...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Pessoas boas - Bette Davis

“Apertem os cintos, pois a noite será turbulenta.”
“Eu detesto sentimentalismo barato.”
“Belo discurso, Eve. Mas não se preocupe com seu coração, você sempre poderá substituí-lo pela estátua que acabou de ganhar.”
“Envelhecer não é para mocinhas.”
“Havia muito melhores interpretações nas festas de Hollywood do que jamais houve nas telas de cinema.”
“Eu me casaria de novo se encontrasse um homem que tivesse uns US$ 15 milhões, dividisse metade comigo e me desse a garantia de que estaria morto em um ano.”
“Eu queria ter ganhado três Oscar, mas miss Hepburn conseguiu primeiro. Na verdade ela não conseguiu, ela só ganhou meio Oscar. Se eles me dessem meio Oscar eu jogaria na cara deles. Sabe como é... Eu sou de Áries, eu nunca perco.” (sobre o fato de Katharine Hepburn ter dividido o Oscar de melhor atriz com Barbra Streisand em 1968)
“Gary era um macho man, mas nenhum de meus maridos foi macho suficiente para se tornar o mr. Bette Davis.”
E sobre Joan Crawford:
“Ela já dormiu com todos os astros da MGM, exceto a Lassie.”
“Por que sou tão boa intepretando vilãs? Talvez porque eu não seja uma vilã. Talvez por isso a Joan Crawford sempre interprete mocinhas.”
“Nunca se deve falar coisas ruins sobre alguém que está morto. Apenas coisas boas. Joan Crawford está morta. Ótimo!” (quando sua inimiga morreu em 1977)
“Não é porque alguém está morto que se tornou uma pessoa melhor!” (idem)
“Joan Crawford e eu nunca fomos amigas calorosas. Nunca fomos simpáticas. Eu a admiro e, ao mesmo tempo, sinto-me desconfortável com ela. Para mim, ela é a personificação de uma estrela de cinema. Eu sempre tive a impressão de que sua melhor performance era Crawford interpretando Crawford.”
“Eu não mijaria nela nem se ela estivesse em chamas.”
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Eu nunca estarei abaixo do título

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dona Canô chamou

(Neguinho do Samba)
"Caetano, venha ver aquele preto que você gosta!"
Dona Canô chamou, eu vou
Dona Canô chamou, eu já me vou Dona Canô
Antes que o rio esteja cheio
tenho que atravessar
o chamado de Dona Canô
eu não posso negar
"Dona Canô"
Dona Canô chamou, eu vou
Dona Canô chamou, eu já me vou Dona Canô
Antigüidade é posto
temos que respeitar
Dona Canô é Canô
Dona Canô é de lá
"Dona Canô"
Dona Canô chamou, eu vou
Dona Canô chamou, eu já me vou Dona Canô
Hoje Caetano e Gil
estão juntos na TV
outro dia Dona Canô disse
Caetano venha ver
Aquele preto que você gosta
aquele preto que você gosta
aquele preto que você gosta
está cantando na TV

Alô, meu Santo Amaro!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pessoas boas - os físicos

Por essa nem eu esperava. Provavelmente cansados de aguardar o fim do mundo que não chegava nunca - vide as previsões de tantas seitas, o Bug do Milênio e o fiasco do Dia da Besta -, os físicos de todo o mundo resolveram tomar a dianteira eles mesmos.
Eis que, no coração do planeta, ou seja, na fronteira da França com a Suíça, está sendo posto em funcionamento hoje o LHC, que não é nenhum ex-presidente do Brasil. Trata-se do singelo Large Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons, na sigla em inglês), a máquina que tem a humilde pretensão de reproduzir o Big Bang. O pior é que a Dercy, único ser conhecido que presenciou o evento, está em repouso e não poderá confirmar se eles conseguiram ou não. Se bem que, se conseguirem, não sobrará ninguém pra publicar na Science.
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Cientistas testam com sucesso máquina que tenta reproduzir o Big Bang
Quase 9.000 cientistas se reuniram nesta quarta-feira na fronteira entre a Suíça e a França para realizar o primeiro teste com o LHC (Grande Colisor de Hádrons), a máquina mais poderosa do mundo que tentará reproduzir o Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo.
O teste realizado consistiu em atirar o primeiro feixe de prótons em um gigantesco túnel circular de pouco mais de 27 quilômetros de comprimento para observar a colisão das partículas e seus resultados. O equipamento tem como objetivo revolucionar a forma como enxergamos o Universo hoje.
Colocados no acelerador, os prótons deram uma volta completa no enorme túnel. O êxito do primeiro teste foi muito comemorado pelas dezenas de cientistas presentes na sala de controle do organismo, que aguardavam com expectativa o resultado.
"Tenho certeza de que funcionará", disse o diretor-geral do Cern, Robert Aymar, minutos antes do início do teste, em um ambiente ainda cheio de expectativa.
O diretor do projeto LHC, Lyn Evans, tinha anunciado antes que não era possível saber quanto tempo o feixe demoraria para colidir, o que ocorreu em pouco mais de 50 minutos. Os testes eram feitos em pequenos passos de alguns quilômetros, até que os técnicos aprendessem a lidar com o feixe.
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Miniburaco negro
Uma grande apreensão tomou conta dos momentos iniciais antes do primeiro teste, conduzido por Evans. O grande temor por trás das pesquisas com o LHC são as notícias de que o experimento de colisões de hádrons (partículas como prótons e nêutrons) pela máquina poderia criar um "miniburaco negro" que engoliria a Terra.
"É irreal. Isso não faz sentido", disse James Gillies, o porta-voz do Cern (Organização Européia para Pesquisa Nuclear), organização responsável pelo LHC.
Por meio de testes com choques de prótons e nêutrons, os pesquisadores querem saber logo que segredos do Universo serão desvendados pelo aparelho, desde a origem da massa até a estrutura da matéria escura.
Situado sob a fronteira entre Suíça e França, a uma profundidade até 120 metros, o enorme colisor de partículas é constituído por 60 mil computadores e custou mais de US$ 10 bilhões.
Em entrevista à imprensa internacional, Gillies afirmou que o mais perigoso incidente que poderia ocorrer com o LHC é o equipamento se quebrar e acabar soterrado sob a Europa. Além disso, ele declarou que no estágio inicial o colisor só funcionará parcialmente, sendo que o potencial máximo do LHC só deverá ser alcançado após um ano.
"Nesta quarta-feira nós começaremos com pouco", disse. "O que nós estamos colocando para funcionar é uma pequena parcela de feixes a baixa intensidade. Isso nos dará experiência para conhecer melhor a máquina."
Somente depois do primeiro teste será possível saber se o maior acelerador de partículas do mundo funciona corretamente, mas os primeiros impactos das partículas não serão produzidos durante alguns meses. Só após esse tempo será iniciada a obtenção de dados.
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Construção
A realização do LHC foi algo tão complexo quanto as experiências que devem ser feitas nele. "Primeiro, foi necessário construir a máquina no túnel, algo que começamos a fazer há muitos anos, e depois tivemos de aprender a resfriá-la", explicou o engenheiro espanhol Antonio Vergara Fernández.
"São quase 28 quilômetros de acelerador que precisaram ser resfriados a -271°C", afirma. "Isso começou a ser feito há quase um ano e meio, depois tivemos de conseguir acender a máquina e ver que todos os sistemas funcionavam, mas sem introduzir nenhuma partícula no acelerador."
Esse processo para verificar se a máquina estava pronta para receber os prótons "durou cerca de dois anos". O passo seguinte consistiu em preparar o feixe de prótons do mecanismo, para que entrassem no acelerador e pudessem colidir com outras partículas no túnel.
Está previsto para que o primeiro feixe de prótons comece a circular no acelerador no começo da manhã desta quarta. O objetivo do primeiro dia de funcionamento do LHC é conseguir que os prótons dêem uma volta em todo o anel gigante.
"No início, não conseguiremos. É um processo muito complexo", disse Vergara. "São 28 quilômetros e haverá defeitos que corrigiremos pelo caminho. Faremos o primeiro disparo, os prótons entrarão, se perderão, mas conseguiremos ver onde e como se perderam, e faremos as remodelações necessárias do controle central para depois voltarmos a tentar."
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u443261.shtml
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Nestes tempos de expectativa pelo iminente encurtamento do velho cordão de prata, quando a Pequenininha - que em tenra idade morou na França -, será minha vizinha, esta notícia não deixa de ser metafórica.
O troço foi construído num túnel circular no subsolo da fronteira entre a França e a Suíça. O colisor é o cordão de prata. A França é a Pequenininha. A Suíça sou eu. Quando essas duas forças se juntarem, as partículas (o veneno) poderão destruir tudo o que existe. Estaria para se confirmar aquele futuro vislumbrado pelo Padre Voador?
Os físicos são pessoas boas.

Não cruzem os prótons

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pessoas boas - Apollonius de Tiana

Décadas atrás, a cidade de Abalone, EUA, foi visitada pelo chinês conhecido como Dr. Lao, natural de Panohai, à época com 7.322 anos de idade, que, montado no asno de Apuleio, chegou carregando apenas um pequeno aquário, e da noite para o dia levantou um circo cheio de criaturas misteriosas. Uma das mais intrigantes era Apollonius de Tiana, vidente cego que só fala a verdade.

A viúva de Howard Cassan, moradora da cidade, mulher que à primeira vista já sabemos tratar-se de uma velha tola e fútil, chega ao circo e dirige-se diretamente à tenda do vidente. Paga o preço da consulta, cinco centavos, e senta-se em frente à Apollonius, sem perceber que ele é cego.

Sra. Cassan: Não hei de ficar, se o senhor me disser a verdade. O que desejo saber, antes de mais nada, é quando vai jorrar petróleo naquele meu alqueire no Novo México.

Apollonius: Nunca.

Sra. Cassan: Bem... então, quando vou me casar outra vez?

Apollonius: Nunca.

Sra. Cassan: Muito bem. Que espécie de homem vai surgir em minha vida?

Apollonius: Não haverá mais homens em sua vida.

Sra. Cassan: Bem, então do que me adianta viver, se não vou ficar rica, não vou me casar outra vez, nem vou conhecer novos homens?

Apollonius: Não sei. Só leio o futuro. Não o julgo.

Sra. Cassan: Bem, eu paguei. Leia meu futuro.

Leu então Apolônio de Tiana:
Apollonius: Amanhã será como ontem e depois de amanhã como anteontem. Vejo o resto dos seus dias como uma tediosa coleção de horas. A senhora não viajará a nenhum lugar. Não terá pensamentos novos. Não experimentará nenhuma nova paixão. Sua idade aumentará, mas não sua sabedoria. Crescerá seu formalismo, mas não sua dignidade. A senhora não tem mais a juventude. Daquela curiosa simplicidade que no passado atraiu alguns homens, nada resta, nem a senhora as poderá reconquistar. As pessoas lhe falarão ou visitarão por pena ou solidariedade. Não porque a senhora tenha qualquer coisa a lhes oferecer. Já viu uma velha haste de milho que amarelece e definha, mas se recusa a morrer, na qual alguns passarinhos pousam de vez em quando, quase sem notar sobre o que estão pousados? Isso é a senhora. Não consigo imaginar qual seja seu lugar na organização da vida. Uma coisa viva deveria criar ou destruir, segundo sua capacidade ou capricho, mas a senhora não faz uma coisa nem outra. Vive a sonhar com coisas bonitas que gostaria que lhe acontecessem, mas que nunca acontecem; e imagina vagamente por que as jovens vidas ao seu redor, às quais ocasionalmente censura por uma suposta impropriedade, nunca lhe dão ouvidos e parecem fugir à sua aproximação. Quando a senhora morrer, será sepultada e esquecida, somente isso. Os agentes funerários a fecharão num ataúde à prova de vermes, com o que lacrarão, para a própria eternidade, a argila da sua inutilidade. A julgar por todo o bem e todo o mal, toda a criação e toda a destruição que sua vida pudesse haver provocado, a senhora poderia perfeitamente jamais ter existido. Não vejo propósito em tal vida. Só vejo nela um desperdício chocante, vulgar.
A senhora Cassan, em lágrimas há muito tempo, começa a chorar amargamente e sai correndo da tenda. Lá fora, encontra Angela Benedict e recomenda que ela não vá se consultar com ele. Não que ele não seja bom, pelo contrário, disse-lhe coisas maravilhosas, que vai jorrar petróleo nas suas terras e que ela vai se casar com Stark, o homem mais rico da cidade. É porque ele não é muito gentil: deu-lhe alguns beliscões.
Apollonius de Tiana é uma pessoa boa.
(Encontrei o diálogo acima na internet, mas não bate com o texto do filme As sete faces do Dr. Lao, que é um pouco mais curto. Suponho que seja o texto do livro The circus of Dr. Lao. A ação descrita é conforme o filme. Conferirei o texto correto e o transcreverei em breve.)

Amanhã será como ontem, e depois de amanhã como anteontem